Opinion: Brazilian Perspective on Bolsonaro Victory
By Daniel Valete, Guest Columnist
A dear friend suggested that I write a few words about the political situation in Brazil. Although I think that a complete description of reality requires extensive knowledge that I do not possess, I will say some impressions in the hope of helping someone – I do not know whom – in something – I do not know what.
The 2018 elections are over. On Sunday, October 29, the population voted for Jair Bolsonaro of the Social Liberal Party (PSL) in the second round of the presidential election. Whether this is good or bad I do not say because I consider it useless. I will only try to give as unbiased an idea as possible about the situation.
Some are satisfied with the result and others are not. To explain this correctly seems impossible to me, since infinite possibilities of perspectives and ideas can pass through someone’s head. However, I can guess an analysis based on what I see. Please be attentive, reader, because this is subjective, and I do not intend to enter into personal quarrels, which I also consider useless, if not imbecile. Incorrect information – the fake news! – is distributed daily, and I ask the reader to be critical of this text and any other text.
Bolsonaro seems to be repulsive to some people, in part because he has spoken out in favor of the 1964 military dictatorship on some occasions. In one of these, he answered the question “what would you do if you caught your child smoking a little joint?” with “I’d beat him.” In another, in 1999, he said he would close the National Congress immediately, if he becomes the president of the republic. He once said that if a son starts getting a bit “gay”, the son will change his behavior quickly, if he receives a few slaps.
In 2018, Bolsonaro expressed different ideas and defended democracy and softer ideas, which may have caused uncertainty in some. Certain minds prefer to dismiss Bolsonaro as a viable politician. Perhaps Jair is attractive to some for defending offensive actions against criminals and drug trafficking, which controls much of certain cities, such as Rio de Janeiro and São Paulo, since the 1980s. According to the Institute for Economic and Applied Research, 553,000 murders occurred in Brazil in the last 11 years, and the country is one of the most violent in the world.
Perhaps this speech offers hope to residents of Rio, many of whom regularly hear shots. I, a carioca [inhabitant of Rio de Janeiro], was lucky and heard only a few shots on a few occasions.
Economically miserable people are the ones who suffer most from drug trafficking in poor areas, especially in favelas. My relatives tell us that we lived near a favela in the Tijuca neighborhood when I was a baby, until the traffickers or the policy shot the water tank in our building in one of the frequent shootings, and we decided to move.
The human mind is very complex. Perhaps the most attractive in Bolsonaro is his connection with the army and his ready and authoritarian character. Many Brazilians like the military because they inspire order and organization, which they never experienced in politics except during the dictatorship. Bolsonaro criticizes corruption vehemently, and many admire him for it.
The rival candidate Fernando Haddad, of the Workers’ Party (PT), has been criticized by many for the fact that his party, of which many are imprisoned for corruption, including former President Lula da Silva, has been involved in several corruption scandals. Corruption and public neglect are considered by many the greatest evils of the country. They allow the violence that has never been solved and that has killed many for decades; allow teachers to be not paid on time; and leaves schools and hospitals to moths.
The main Brazilian parties, PSDB and PT, which presided respectively from 1994 to 2002 and 2002 to 2015, did not act clearly and concretely to solve some of these critical problems. Bolsonaro seems to be “people like us,” who do something, and people like it.
The conversation is very nice, very pleasant, but we need to be careful here. Wanting change can be healthy. What change is that? “Any change!” ”anyone who is not corrupt!” seems to be the collective answer. This posture seems dangerous to me. The motivation may be good, but the consequences, which we can not predict, can be bad for the well being of the country. Let’s wait and see the result.
Editor’s Note: This piece is part of the Multilingual Gettysburg Series. Below is a Portuguese translation provided by the author.
Um caro amigo sugeriu que eu escrevesse algumas palavras sobre a situação política do Brasil. Apesar de achar que uma descrição completa da realidade requer um extenso conhecimento que eu não possuo, direi algumas impressões na esperança de ajudar alguém – não sei quem – em algo – não sei o que -. As eleições de 2018 já acabaram. No domingo, dia 29 de outubro, a população votou majoritariamente a favor do candidato Jair Bolsonaro, do Partido Social Liberal (PSL), no segundo turno das eleições para presidente. Se isso é bom ou ruim não digo, porque o considero inútil. Tentarei oferecer uma idéia tão imparcial quanto possível sobre a situação. Alguns estão satisfeitos com o resultado e outros não. Explicá-lo corretamente me parece impossível, já que infinitas possibilidades de perspectivas e idéias podem passar pela cabeça de cada um. No entanto, posso arriscar uma análise baseada no que vejo. Esteja atento, leitor, porque isso é subjetivo, e não pretendo entrar em brigas pessoais, o que também considero inútil, senão imbecil. Informações incorretas – as fake news! – são distribuídas diariamente, e peço que o leitor seja crítico desse texto e de qualquer outro.
Bolsonaro parece causar repulsa a algumas pessoas, em parte por ter se pronunciado a favor da ditadura militar de 1964 em algumas ocasiões. Em uma dessas, respondeu a pergunta “o que você faria se pegasse seu filho fumando umzinho?” com “Daria uma porrada nele”. Em outra, em 1999, disse que fecharia o congresso nacional imediatamente se tornar-se presidente da república. Certa vez, disse que se um filho começa a ficar meio “gayzinho”, muda o seu comportamento rapidamente se levar um coro. Em 2018, Bolsonaro expressou idéias diferentes dessas e afirmou defender a democracia, o que pode ter causado incerteza em alguns. Certas mentes preferem descartar Bolsonaro como um político viável. Talvez Jair seja atraente para alguns por defender ações ofensivas contra criminosos e o tráfico de drogas, que controla boa parte de certas cidades, como o Rio de Janeiro e São Paulo, desde os anos 80. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada, 553 mil assassinatos ocorreram no Brasil nos últimos 11 anos, e o país é um dos mais violentos do mundo. Talvez esse discurso ofereça esperança para moradores do Rio, muitos dos quais ouvem tiros regularmente. Eu, carioca, fui sortudo e ouvi apenas alguns tiros em poucas ocasiões. Miseráveis são os que mais sofrem com o tráfico de drogas em áreas pobres, especialmente em favelas. Meus familiares contam que morávamos perto de uma favela na Tijuca quando eu era bebê, até que acertaram a caixa d’água do nosso prédio em um dos frequentes tiroteios, e decidimos nos mudar.
A mente humana é muito complexa. Talvez o mais atraente em Bolsonaro seja sua ligação com o exército e seu caráter pronto e autoritário. Muitos brasileiros gostam das forças armadas porque essas inspiram ordem e organização, o que nunca vivenciaram na política exceto durante a ditadura. Bolsonaro critica a corrupção veemente, e muitos o admiram por isso. O rival Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores (PT), foi criticado por muitos pelo fato de que seu partido, do qual muitos estão presos por corrupção, incluindo o ex-presidente Lula da Silva, foi envolvido em vários escândalos de corrupção. Corrupção e descaso público, são considerados por muitos os males do país. Eles permitem a violência que nunca foi solucionada e que mata muitos faz décadas; não paga professores em dia; e larga escolas e hospitais às traças. Os principais partidos brasileiros, PSDB e PT, que estiveram na presidência respectivamente de 1994 a 2002 e 2002 a 2015, não agiram clara e concretamente para solucionar esses problemas críticos. Bolsonaro parece ser “gente como a gente”, que faz alguma coisa, e a população gosta disso.
Conversa pra lá, conversa pra cá, precisamos ter cuidado nesses momentos. Querer mudança pode ser saudável. Que mudança essa? “Qualquer mudança!” e “qualquer um que não seja corrupto!” parece ser a resposta coletiva. Essa postura me parece perigosa. A motivação pode ser boa, mas as consequências, que não podemos prever, podem ser péssimas para o bem estar do país. Esperemos para ver o resultado.